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Já ouviu falar em inflamação Th2? Tema importante para portadores de doenças respiratórias?

Rodrigo Athanazio • 31 de julho de 2024

Para iniciar esse tema tão complexo, precisamos fazer uma breve introdução sobre esse fenômeno tão importante e pouco compreendido: inflamação, uma resposta biológica complexa do corpo a estímulos nocivos, como microorganismos, células cancerígenas ou substâncias irritantes. É um processo essencial para a defesa do organismo, ajudando a eliminar a causa inicial da agressão, remover células danificadas e iniciar a reparação dos tecidos. Por outro lado, há alguns tipos de inflamação que podem se tornarem crônicas e indesejáveis, levando a várias doenças. Vários tipos diferentes de células estão envolvidas no processo, sendo que há uma extensa rede de atores, que podem ou não interagirem entre si.



Mecanismos da Inflamação


  • Reconhecimento do Agente Agressor:
  • Células do sistema imunológico, conhecidas como apresentadoras de antígenos (APCs), como macrófagos e células dendríticas, reconhecem microorganismos ou células danificadas através de receptores específicos e os atacam. Essas APC exibem partes desses agentes agressores, ativando outras células de defesa, em especial linfócitos, grandes orquestradores da resposta inflamatória do organismo.
  • Liberação de Mediadores Inflamatórios:
  • Várias substâncias, chamadas citocinas, são liberadas, que ativam uma cascata de respostas imunológicas e promovem diferentes ações nos tecidos, como vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, permitindo que outras células imunes, proteínas do plasma e nutrientes cheguem ao local da lesão.
  • Recrutamento de Células Inflamatórias:
  • Neutrófilos, monócitos e outros linfócitos são recrutados para o local da inflamação, onde combatem os fatores agressores e removem células danificadas.
  • Fagocitose e Eliminação do Agente:
  • Células como macrófagos e neutrófilos fagocitam (engolem) patógenos e detritos celulares, contribuindo para a limpeza do local inflamado.
  • Resolução e Reparação Tecidual:
  • Após a eliminação do agente agressor, mediadores anti-inflamatórios promovem a resolução da inflamação e a regeneração tecidual.


E agora, o que seria a inflamação Th2?


A inflamação Th2 é um tipo de resposta imunológica mediada por um tipo específico de linfócito, chamado T helper 2 (Th2). Essas células são parte do sistema imunológico adaptativo e desempenham um papel crucial na defesa contra parasitas extracelulares e em respostas alérgicas. A inflamação Th2 está associada a doenças alérgicas, como asma, rinite alérgica, dermatite atópica e algumas doenças autoimunes. Recentemente, várias pesquisas têm mostrado a importância da inflamação Th2 também em portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), fato importante na definição terapêutica desses pacientes.


Mecanismos da Inflamação Th2


  • Ativação das Células Th2:
  • As células Th2 são ativadas por antígenos apresentados por APCs, como células dendríticas. Esse processo é mediado por citocinas, principalmente a interleucina 4 (IL-4).


  • Produção de Citocinas:


  • Uma vez ativados, os linfócitos Th2 produzem várias citocinas, incluindo interleucina-4 (IL-4), IL-5, IL-9 e IL-13. Essas citocinas têm várias funções:
  • IL-4 e IL-13: Promovem a diferenciação dos linfócitos tipo B em plasmócitos produtores de anticorpos IgE, que são essenciais na resposta alérgica.
  • IL-5: Recruta e ativa eosinófilos, células envolvidas na defesa contra parasitas e na inflamação alérgica.
  • IL-9: Aumenta a produção de muco e a hiper-reatividade das vias aéreas.


  • Interação com Outras Células Imunes:
  • As citocinas Th2 afetam outras células imunes, como mastócitos e basófilos, que também são importantes na resposta alérgica. A ativação dessas células leva à liberação de mediadores inflamatórios, como histamina, que causam sintomas alérgicos.


Esse é apenas um resumo de um dos vários tipos de resposta a fatores agressores ao organismo, mostrando como é complexa a interação entre os diferentes tipos de células do corpo. De todo jeito, a ativação dos linfócitos Th2 tem uma associação importante com a ativação de diferentes vias inflamatórias que estão associadas a doenças crônicas.


Papel na Patogênese de Doenças


A inflamação Th2 é uma característica central de várias doenças alérgicas e inflamatórias:


  • Asma e DPOC:


  • Na asma, a inflamação TH2 causa hiper-reatividade das vias aéreas, produção excessiva de muco e infiltração de eosinófilos nos pulmões. Isso resulta em sintomas como falta de ar, chiado e tosse.


  • Rinite Alérgica:


  • A inflamação das vias nasais devido à ativação Th2 leva a formação de pólipos nasais e sintomas como coriza, espirros, coceira e congestão.


  • Dermatite Atópica:


  • A inflamação da pele mediada por Th2 resulta em erupções cutâneas, coceira intensa e secura da pele.


  • Alergias Alimentares:


  • Respostas imunológicas exageradas a alérgenos alimentares, mediadas por IgE e células Th2, podem causar reações cutâneas, gastrointestinais e respiratórias.


Diagnóstico e Tratamento


  1. Diagnóstico:
  • O diagnóstico de condições relacionadas à inflamação TH2 geralmente envolve testes de alergia, medição de níveis de eosinófilos e IgE no sangue, medidas de óxido nítrico exalado e avaliação de sintomas clínicos.


   2.   Tratamento:

  • Anti-histamínicos: Para reduzir os sintomas alérgicos imediatos.
  • Corticosteroides: Para suprimir a inflamação.
  • Imunoterapia: Exposição gradual a alérgenos para dessensibilização.
  • Anticorpos Monoclonais: Tratamentos direcionados que bloqueiam citocinas específicas, como o omalizumabe (anti-IgE), benralizumabe e mepolizumabe (IL-5), e o dupilumabe (anti-IL-4/IL-13).


Considerações Finais


A inflamação Th2 é um componente essencial da resposta imune contra parasitas, mas seu descontrole pode levar a uma variedade de doenças alérgicas e inflamatórias. Compreender os mecanismos subjacentes e as interações celulares da inflamação Th2 é crucial para o desenvolvimento de tratamentos eficazes e para o manejo adequado dessas condições. Vários tratamentos vêm sendo estudados com excelentes respostas em diferentes condições, mudando a evolução e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.


Responsável Técnico:

Dr. Alexandre de Melo Kawassaki

CRM 117803 | RQE 49066

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