Câncer de pulmão: novidades do diagnóstico ao tratamento
O termo “câncer” é um dos mais assustadores quando falamos em medicina, tanto pelo estigma associado, quanto pela gravidade da doença. Caracteriza-se por células que sofrem mutação, passam a se proliferar descontroladamente e, na sua fase final, se espalham pelo corpo.
O câncer mais frequente em homens é o de próstata e, entre as mulheres, o de mama. No entanto, o câncer de pulmão é o mais mortal
dentre todos.
Para se ter uma ideia, a mortalidade por câncer de pulmão equivale à
soma
de mortalidade pelos cânceres de próstata e de mama.
Já abordamos alguns
mitos e verdades sobre essa doença
e, nesse texto, vamos falar sobre avanços no
diagnóstico e tratamento.
Diagnóstico
É muito provável que seu médico já tenha proposto exames para prevenir diversos tipos de câncer, como mama, próstata, colo de útero e intestino, mas, dificilmente ele solicitou a realização de exames para prevenir o câncer de pulmão.
Bem, antes de se aprofundar no tema, é necessário explicar que
“prevenir” não é o melhor termo para exames que procuram doenças. Na verdade, o que se faz é um rastreio para o diagnóstico precoce e, consequentemente,
tratamento mais eficaz. E o rastreamento para outros cânceres é muito mais popular do que o rastreamento para o de pulmão, apesar de serem muito menos eficazes.
Abaixo, temos alguns exemplos do número necessários de exames de rastreio para ser diagnosticado apenas um único paciente com câncer:
- Mama: 500 mamografias;
- Colo de útero: 1.100 Papanicolaus;
- Pulmão: 320 tomografias de tórax.
O protocolo de rastreamento, através das tomografias de tórax anuais com baixa radiação, foi
atualizado
em março de 2021, e devem ser solicitadas para os
pacientes de risco, ou seja, aqueles que preencham os seguintes critérios:
- Ter entre 50 e 80 anos;
- Ser tabagista atual ou ter parado há menos de 15 anos;
- Ter uma carga tabágica de pelo menos 20 maços-ano, que equivale a um maço por dia por 20 anos (acesse a calculadora aqui).
Além do grande benefício de identificar o câncer precocemente, o rastreio se demonstrou capaz de diagnosticar diversas outras doenças comumente encontradas em fumantes, como
enfisema,
bronquite crônica,
e
doenças do coração.
A
tomografia
é apenas o
primeiro passo
no diagnóstico. O próximo é a
biópsia, que pode ser realizada de diferentes formas e deve ser orientada pelo
pneumologista ou cirurgião torácico.
Após a
confirmação
do câncer, é preciso avaliar quais os
tipos de célula predominantes, o
perfil genético do tumor e se ele se
espalhou
para outros órgãos. Depois dessa fase, chamada
estadiamento, o
tratamento
começa a ser planejado.
Tratamento
Há diversas formas de tratamento para o câncer de pulmão e houve avanços consideráveis em todas as modalidades. Cada categoria de tumor merece uma abordagem diferente, preferencialmente discutida entre os diversos profissionais envolvidos no cuidado ao paciente, como:
Pneumologistas;- Oncologistas;
- Cirurgiões torácicos;
- Radioterapeutas;
- Radiologistas;
- Patologistas.
Quanto maior o material de
biópsia coletado, mais testes podem ser feitos no
espécime, com identificação de diversas características que personalizam o tratamento de acordo com o paciente. As
terapias
podem ser usadas de forma isolada ou combinadas entre si.
O tratamento de escolha para tumores iniciais é a
cirurgia, cada vez menos invasiva e mais eficaz.
Leia o nosso artigo mais recente sobre cirurgia minimamente invasiva!
A
radioterapia
consiste na administração de radiação em altas doses para destruir as células cancerígenas. Atualmente, é realizada por equipamentos ultra-modernos, que conseguem concentrar o tratamento no tumor e poupar os órgãos que circundam a área doente.
O tratamento através de medicamentos é sempre prescrito por
oncologistas
e é normalmente indicado para tumores mais avançados.
Atualmente, há diversas categorias de terapias, em especial:
Quimioterapia citotóxica:
Utiliza os quimioterápicos clássicos e tem a maior frequência de efeitos colaterais. Vem sendo cada vez mais substituída pelos tratamentos abaixo.
Terapia com droga-alvo:
São medicamentos que bloqueiam as mutações genéticas responsáveis pela multiplicação desenfreada das células tumorais. Infelizmente, não está disponível para grande parte dos cânceres.
Imunoterápicos:
É o que há de mais novo em terapia medicamentosa para câncer de pulmão. São drogas que induzem o sistema imune do paciente a destruir as células tumorais de maneira mais eficaz.
Radioablação:
Essa é uma nova terapia, que consiste em colocar uma sonda dentro do tumor, através de um pequeno furo na pele e guiada por tomografia ou ultrassom. Através disso, ela consegue destruir as células malignas por meio do calor. É reservada para tumores pequenos em pacientes de alto risco. Ainda pouco usada em câncer pulmonar.
Observações finais
Através de diversas pesquisas e avanços tecnológicos, temos visto uma melhora da qualidade e sobrevida dos portadores de câncer de pulmão, assim como um controle mais adequado das complicações que podem advir do tratamento.
Apesar disso, o câncer de pulmão continua sendo um sério problema de saúde pública, responsável por milhares de mortes anualmente em todo o mundo. Por isso,
não basta melhorarmos o diagnóstico e tratamento sem investir pesadamente na real prevenção do câncer, através de políticas públicas capazes de coibir o tabagismo, reduzir a poluição e evitar a exposição a materiais cancerígenos.
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